sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Astrônomos medem fronteira final de buraco negro

Com informações do CFA e Perimeter Institute - 28/09/2012


Astrônomos mediram pela primeira vez a fronteira final de um buraco negro, o limite a partir do qual nada consegue escapar - ou quase nada, já que os buracos negros emitem jatos de partículas. [Imagem: Chris Fach/Perimeter Institute/University of Waterloo]


Horizonte de eventos


Usando um telescópio do tamanho de um continente, uma equipe internacional de astrônomos conseguiu observar pela primeira vez a fronteira de um buraco negro no centro de uma galáxia distante.

Eles mediram o "ponto sem volta" do buraco negro - a menor distância que a matéria pode se aproximar antes de ser irremediavelmente puxada para "dentro" do buraco negro.

Um buraco negro é uma região no espaço onde a força da gravidade é tão forte que nada, nem mesmo a luz, pode escapar.

Essa fronteira final é conhecida como horizonte de eventos.


Buraco negro gigante


A equipe examinou o buraco negro localizado no centro de uma galáxia elíptica gigante chamada Messier 87 (M87), que está localizada a cerca de 50 milhões de anos-luz da Terra.

"Ainda que este buraco negro esteja muito longe, ele é tão grande que seu tamanho aparente no céu é aproximadamente o mesmo que o buraco negro no centro da Via Láctea," explica Jonathan Weintroub, coautor do estudo. "Isso o torna um alvo ideal para estudos."

Esse buraco negro é 6 bilhões de vezes mais massivo que o Sol. Ele é rodeado por um disco de acreção de gás, que espirala em direção à sua goela aparentemente insaciável.

Embora o buraco negro propriamente dito seja invisível, seu disco de acreção é quente o suficiente para brilhar, o que permite sua observação.

Órbita estável


De acordo com a teoria da relatividade geral de Einstein, a massa e a rotação de um buraco negro determinam o quão perto um material pode orbitá-lo antes de se tornar instável e cair em direção ao horizonte de eventos.

A equipe foi capaz de medir a órbita estável mais interna, descobrindo que ela tem apenas 5,5 vezes o tamanho do horizonte de eventos do buraco negro.

Essa dimensão sugere que o disco de acreção está girando no mesmo sentido que o buraco negro.

Estas informações são importantes porque começam a elucidar a origem dos brilhantes jatos de partículas emitidos por alguns buracos negros - a fronteira mostra o local exato de origem desses jatos.


É possível vencer um buraco negro: esta é a primeira observação empírica rumo à explicação dos jatos de partículas emitidos pelos buracos negros. [Imagem: NASA/Ann Field]

Vencendo um buraco negro


Este é o primeiro indício empírico para tentar estabelecer uma conexão entre a rotação e os jatos ultrarrelativísticos emitidos pelos buracos negros.


Jatos de buraco negro são captados em alta resolução



Os astrônomos têm várias hipóteses para tentar explicar os jatos aparentemente paradoxais, já que o buraco negro deveria engolir tudo e não emitir coisa alguma - vencer a super gravidade de um buraco negro para lançar alguma coisa ao espaço exige uma energia descomunal.

As candidatas principais à explicação são duas. A primeira é que o próprio buraco negro é um grande reservatório de energia - um buraco negro rotativo, ou quasar, tem uma quantidade gigantesca de energia rotacional, que pode ser suficiente para emitir os jatos.

A segunda possibilidade é que a energia venha de algum processo de acreção - o disco de acreção é a espiral de matéria caindo em direção ao buraco negro.

A física dessa acreção ainda está por ser compreendida.

Radiotelescópio virtual


As observações foram feitas interligando radiotelescópios no Havaí, no Arizona e na Califórnia para criar um telescópio virtual chamado o Telescópio Horizonte de Eventos, ou EHT.

O EHT é capaz de ver detalhes 2.000 vezes menores do que o Telescópio Espacial Hubble consegue enxergar, embora ambos observem o céu em comprimentos de onda diferentes.

A equipe planeja expandir o telescópio virtual, acrescentando antenas no Chile, Europa, México, Groenlândia e no Pólo Sul, a fim de obter imagens ainda mais detalhadas de buracos negros.

Bibliografia:

Jet-Launching Structure Resolved Near the Supermassive Black Hole in M87
Sheperd S. Doeleman, Vincent L. Fish, David E. Schenck, Christopher Beaudoin, Ray Blundell, Geoffrey C. Bower, Avery E. Broderick, Richard Chamberlin, Robert Freund, Per Friberg, Mark A. Gurwell, Paul T. P. Ho, Mareki Honma, Makoto Inoue, Thomas P. Krichbaum, James Lamb, Abraham Loeb, Colin Lonsdale, Daniel P. Marrone, James M. Moran, Tomoaki Oyama, Richard Plambeck, Rurik A. Primiani, Alan E. E. Rogers, Daniel L. Smythe, Jason SooHoo, Peter Strittmatter, Remo P. J. Tilanus, Michael Titus, Jonathan Weintroub, Melvyn Wright, Ken H. Young, Lucy Ziurys
Science. Vol.: Published online. DOI: 10.1126/science.1224768

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Confira qual foi o maior destaque do Prêmio Ig Nobel de 2012

Com certeza você já ouviu falar dos Prêmios Nobel, que são entregues anualmente aos cientistas e personalidades que se destacaram de alguma forma — através de pesquisas científicas ou ações humanitárias — no dia 10 de dezembro. Entretanto, também existe o Prêmio Ig Nobel, que premia pesquisas relacionadas a temas aparentemente bizarros ou absurdos ou ainda que servem de crítica a outras pesquisas.

De acordo com o pessoal do site Inovação Tecnológica, a intenção do prêmio é prestigiar aqueles estudos científicos que “nos fazem rir antes de nos fazer pensar”. Assim, o grande destaque deste ano foi uma pesquisa na qual os cientistas conseguiram demonstrar que um salmão morto é capaz de reconhecer emoções humanas ao observar fotografias, além de mapear a região do cérebro do peixe-zumbi responsável por gerar essas reações.

Segundo os pesquisadores, o estudo serve para contestar os métodos utilizados por algumas pesquisas na área da neurociência, que emprega a ressonância magnética funcional e técnicas estatísticas para tirar qualquer conclusão possível. Conforme explicaram os cientistas, o método é tão vago que, como eles mesmos demonstraram, permitiu que a equipe conseguisse comprovar o que bem entendesse com base no cérebro de um peixe morto.

Confira mais pesquisas malucas que também receberam prêmios:

Anatomia: pesquisadores descobriram que chimpanzés são capazes de reconhecer outros chimpanzés através de fotografias de seus bumbuns;

Psicologia: cientistas conseguiram provar que a Torre Eiffel parece menor se olharmos para ela com a cabeça inclinada para a esquerda;

Medicina: uma dupla de médicos descobriu como minimizar o risco de que pacientes explodam durante os exames de colonoscopia;

Paz: prêmio entregue a uma empresa russa que desenvolveu um método para transformar munição antiga em diamantes.

A cerimônia de entrega do Prêmio Ig Nobel ocorreu ontem, dia 20 de setembro, na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.

Fonte: Inovação Tecnológica e IMPROBABLE RESEARCH

Leia mais em: http://www.tecmundo.com.br/mega-curioso/30335-confira-qual-foi-o-maior-destaque-do-premio-ig-nobel-de-2012.htm#ixzz279dikGLc

Nanoimpressão 3D cria sistema vascular artificial

Nanoimpressão 3D cria sistema vascular artificial: O objetivo do trabalho é imprimir tecidos biológicos que possam ser usados diretamente pelos médicos, para transplantes ou enxertos.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Facas supercortantes têm afiação atômica



Utilidades domésticas de alta tecnologia


Todo o mundo sabe que os isqueiros a gás e os fornos de micro-ondas são produtos da exploração espacial.

Agora a lista de utilidades domésticas derivadas da alta tecnologia - uma lista que é enorme - vai crescer ainda mais.

Saif Islam aproveitou as técnicas de fabricação do silício - o elemento básico de todos os computadores - para desenvolver uma forma de obter facas mais afiadas.

Segundo ele, o fio dessas lâminas atinge o nível atômico, indicando que a borda do instrumento é formada por alguns poucos átomos de espessura.

"Elas têm afiação em nível atômico, que se aproxima das lâminas de diamante, que as lâminas de metal nunca conseguirão alcançar," disse o engenheiro, que é pesquisador da Universidade da Califórnia em Davis.

Facas e bisturis de cerâmica


Usando as técnicas de fabricação de semicondutores, ele conseguiu obter o fio em toda a pastilha de silício.

Isso permitirá a fabricação de lâminas muito mais baratas do que as lâminas mais afiadas atuais, feitas de cerâmica, e cujo fio é obtido apenas na borda do material original.

Hoje, um bisturi de cerâmica usado em cirurgias nos olhos custa ao redor de US$600.

O pesquisador afirmou que poderá construir bisturis e facas de silício por uma fração desse custo.

Tanto que ele e seus colegas Logeeswaran Jayaraman e David Horsley estão recebendo apoio da incubadora tecnológica da universidade para criar uma empresa que possa comercializar a invenção.

Descoberta por acaso


Islam não estava tentando afiar facas quando descobriu a nova tecnologia.

Seu objetivo era fabricar células solares mais eficientes.

Para isso, eles estavam entalhando as pastilhas de silício para criar finas paredes verticais, projetando-se a partir da superfície da pastilha.

"Nós acidentalmente fizemos algumas paredes muito ruins, e verificamos que elas eram extremamente afiadas. Nós então nos demos conta de que poderíamos montá-las e usá-las como lâminas," conta ele.


Fonte: http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=facas-supercortantes-silicio-afiacao-atomica&id=010170120920

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Plástico autolimpante é esterilizado com luz do Sol

Plástico autolimpante é esterilizado com luz do Sol: Os cientistas já falam em utilizar a técnica nos plásticos usados em computadores e telefones celulares, sempre repletos de bactérias.

NASA estuda fabricar escudos para naves com solo extraterrestre

NASA estuda fabricar escudos para naves com solo extraterrestre: A proposta envolve uma fábrica automatizada que pegaria o regolito - o solo extraterrestre - e fabricaria um escudo de calor para a reentrada na atmosfera terrestre.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Carros que não precisam ser lavados e celulares sem manchas de dedo



Revestimentos funcionais


Pesquisadores portugueses e holandeses criaram o primeiro revestimento prático com uma superfície capaz de reparar a si mesma depois de sofrer um dano.

Entre as aplicações da nova tecnologia estão telefones celulares que nunca ficam com manchas de dedos, carros que não precisarão ser lavados e tintas que durarão muito mais tempo.

Os chamados revestimentos funcionais - por exemplo, resistentes à água ou antibacterianos - possuem em sua superfície grupos nanomoleculares que fornecem essas propriedades específicas.

O problema é que esses grupos moleculares são fácil e irreversivelmente danificados ao menor impacto - como um risco ou um arranhão -, fazendo com que o revestimento perca rapidamente suas propriedades.

Esta tem sido uma grande limitação para que esses revestimentos cheguem ao mercado.

Autorreparo


Tamara Dikic e seus colegas da Universidade de Tecnologia de Eindhoven encontraram uma solução para este problema.

A equipe colocou os grupos químicos funcionais na extremidade de "caules" flexíveis, e misturaram tudo na massa do revestimento.

Quando a superfície do revestimento é danificada, a camada abaixo da superfície libera seus caules, apontando para cima suas moléculas ativas e restaurando a funcionalidade do material mesmo riscado.


Carros, celulares, painéis solares e mesmo aviões, permanecerão limpos por muito mais tempo. [Imagem: Dikic et al./Adv.Mat.]

Essa capacidade de autorreparo deverá dar longa vida aos materiais autolimpantes e revestimentos à prova d'água.


Limpeza automática


A Dra. Catarina Esteves, coordenadora da equipe, afirma que a nova técnica permitirá a fabricação de tintas que manterão um carro totalmente limpo sem sabão e sem esfregão: as gotas de água escorrerão pela superfície hidrofóbica, levando com elas as partículas de sujeira.

Da mesma forma, produtos como celulares, painéis solares e mesmo aviões, permanecerão limpos por muito mais tempo.

A pesquisadora afirma estar agora trabalhando com outras universidades e com parceiros industriais, com vistas a colocar o material no mercado, o que ela estima acontecer nos próximos seis a oito anos.


Bibliografia:

Self-Replenishing Surfaces
T. Dikic, W. Ming, R. A. T. M. van Benthem, Ana Catarina de Carvalho Esteves, G. de With
Advanced Materials
Vol.: 24, Issue 27, pages 3701-3704
DOI: 10.1002/adma.201200807

Tecido inteligente protege prédio inteiro contra arrombamento

Tecido inteligente protege prédio inteiro contra arrombamento: Além de significativamente mais barato do que os sistemas anti-roubo existentes no mercado, ele permite um monitoramento de alta precisão.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Super-elástico estica-se 21 vezes seu tamanho original

Super-elástico estica-se 21 vezes seu tamanho original: Homem Borracha, Homem Elástico e Senhor Fantástico necessitarão de um upgrade urgente caso não queiram ficar obsoletos.

Meta-átomos transformam homem em criador de metamatéria


Do barro aos metamateriais


Desde o início da civilização o homem tem transformado os materiais que encontra na natureza em materiais mais adequados às suas necessidades.

Com nem tudo pode ser assado ou grelhado em uma fogueira, ele criou panelas de barro e outros artefatos de cerâmica para facilitar sua vida. E, se folhas e galhos não são muito duráveis, e cortar pedras é muito trabalhoso, ele criou tijolos e telhas para construir suas casas.

São todos materiais artificiais, metamorfoseados pela mão do homem, mas o prefixo meta só foi agregado muito recentemente, quando os nascentes metamateriais começaram a se traduzir não apenas em alterações mecânicas, mas em alterações das propriedades eletromagnéticas em relação aos materiais naturais.

Nessa busca por novas funcionalidades, logo pareceu que os elementos químicos da Tabela Periódica não eram mais suficientes.

O homem começou então a construir meta-átomos e reuni-los em metamoléculas, para fazer metamateriais que desempenhem funções que nenhum material natural consegue.

Inicialmente com os mantos da invisibilidade, os metamateriais logo se mostraram capazes de alterar não apenas as ondas eletromagnéticas - a luz e o magnetismo -, mas qualquer tipo de onda - ondas sonoras, ondas do mar e até ondas sísmicas.

Esses materiais artificiais são tão promissores que já representam um campo de pesquisa verdadeiramente fervilhante, algo que pode ser ilustrado por uma amostragem dos feitos na área ocorridos apenas nas últimas semanas.


O controle que o metamaterial faz sobre as ondas eletromagnéticas é controlado variando-se a intensidade do brilho dos LEDs. [Imagem: Shadrivov et al./PRL]

Metamaterial controlado pela luz


Apesar das maravilhas obtidas com os metamateriais, impensáveis há alguns anos, a manipulação das ondas que esses materiais são capazes de fazer é uma característica intrínseca de cada um deles, de acordo com seu projeto.

Assim, eles funcionam continuamente, faltando-lhes uma espécie de chave liga/desliga.

Não falta mais.

Ilya Shadrivov, da Universidade Nacional Australiana, criou um metamaterial cujo efeito sobre as ondas eletromagnéticas é controlado por uma outra onda eletromagnética externa - um feixe simples de luz emitida por um LED.

Para demonstrar seu novo conceito, a equipe australiana criou um metamaterial que manipula a luz como se fosse um espelho plano normal.

Mas, controlado por um feixe de luz externo, ele passa a atuar como um espelho côncavo ou como um espelho convexo, sem qualquer alteração em seu formato.

O meta-átomo desse metamaterial controlado por luz é um ressonador em anel(SRR: split-ring resonator), um pequeno anel que não se fecha totalmente, em conjunto com um varactor, um componente eletrônico com capacitância variável, também conhecido como varicap.

Alterações nos varactores induzem uma mudança na ressonância do SRR, alterando a forma como ele interage com a luz, ou com a radiação eletromagnética em geral - que pode ser um feixe de micro-ondas, por exemplo.

A equipe conectou cada varactor a um fotodiodo, de modo que cada átomo artificial pode ser controlado por um LED instalado ao seu lado.

Assim, o controle que o metamaterial faz sobre as ondas eletromagnéticas pode ser por sua vez controlado variando a intensidade do brilho dos LEDs.


Meta-átomos (em destaque embaixo) e metamoléculas são bem diferentes de seus equivalentes naturais. [Imagem: Xiang Zhang et. al/Nature Communications]

Dos meta-átomos para as metamoléculas


Xiang Zhang, do Laboratório Berkeley, nos Estados Unidos, deu um passo adiante na "química" dos metamateriais.

Além disso, seu metamaterial também é controlado pela luz.

A equipe multi-institucional criou não meta-átomos, mas metamoléculas, cujo comportamento encontra uma similaridade na chamada quiralidade das moléculas naturais - a orientação para a direita ou para a esquerda de cada molécula.

O grande avanço é que as metamoléculas podem ter sua quiralidade alterada rapidamente de uma versão "destra" para uma conformação "canhota" usando apenas um disparo de luz.

As versões destras e canhotas das moléculas - os chamados enantiômeros - podem apresentar propriedades radicalmente diferentes.

"Os materiais naturais podem ser induzidos a mudar sua quiralidade, mas o processo, que envolve mudanças estruturais no material, é fraco e lento. Com nossas moléculas artificiais, nós demonstramos um chaveamento da quiralidade forte, dinâmico e em alta velocidade," disse Zhang.

As metamoléculas emitem feixes de radiação terahertz. Quando elas são energizadas por um feixe de luz, elas invertem sua quiralidade, alterando a polarização das ondas que emitem, um processo que pode ser feito e revertido à vontade.

As metamoléculas são formadas por um par de meta-átomos 3D, feitos de fitas de ouro, ambos com quiralidades opostas, o que preserva a quiralidade espelho.

As "ligações químicas" dessa meta-molécula são feitas através de pastilhas de silício, introduzidas em pontos diferentes de cada meta-átomo, quebrando o espelhamento.

As pastilhas de silício funcionam como chaves optoeletrônicas, que invertem a quiralidade da metamolécula quando recebem um feixe de luz.

Os pesquisadores afirmam que o princípio pode ser aplicado para reverter dinamicamente outras propriedades eletromagnéticas dos metamateriais.


Estas metamoléculas são formadas por dois tipos de meta-átomos, criando um material capaz de controlar ondas de magnetização. [Imagem: Miroshnichenko et al ACS.jpg]

Reações entre meta-átomos


Boris Lukyanchuk e seus colegas do Instituto AStar, de Cingapura, também trabalharam com metamoléculas.

Mas eles foram além, e formaram suas metamoléculas não apenas de um só tipo, mas de dois tipos diferentes de meta-átomos.

O primeiro "meta-elemento" é uma esfera de silício, colocada ao lado de um outro tipo de meta-átomo, o bem mais conhecido anel ressonante, feito de cobre.

Os pesquisadores estudaram a influência mútua desses dois meta-átomos sobre o componente magnético das ondas eletromagnéticas que devem ser manipuladas pelo metamaterial - uma propriedade conhecida como magnetização.

"Quando as duas estruturas estão separadas por mais de um micrômetro, ambas agem para reforçar o campo magnético local," explicou Lukyanchuk.

Quando elas são aproximadas, contudo, começam a interagir, o que resulta na diminuição da magnetização do ressonador em anel, a ponto de se tornar negativa para separações menores do que 0,5 micrômetro.

Esta é uma reprodução artificial de algo similar ao que acontece nos materiais naturais, quando um material se torna um ferromagneto, com todos os seus átomos contribuindo para sua magnetização "no mesmo sentido"; ao contrário, quando regiões do material têm magnetização oposta, ele se torna um antiferromagneto.

"Nós demonstramos que nossas redes híbridas de metamoléculas apresentam uma interação magnética dependente da distância, abrindo novos caminhos para a manipulação artificial do antiferromagnetismo, em materiais com baixa perda," disse o pesquisador.


Os metamateriais quânticos representam a última fronteira nesse campo emergente de pesquisas. [Imagem: Felbacq/Antezza]

Metamateriais quânticos


Os metamateriais também podem ser quânticos, conforme demonstraram Didier Felbacq e Mauro Antezza, da Universidade de Montpellier, na França.

Não satisfeitos com índices negativos de refração, mantos da invisibilidade,superlentes e mesmo com aplasmônica, eles demonstraram que é possível dar aos metamateriais um grau de liberdade quântica.

Diferentemente de um material artificial com propriedades quânticas, demonstrado há cerca de um ano, os dois pesquisadores propuseram duas técnicas para criar um metamaterial com propriedades quânticas.

A primeira usa como meta-átomos cristais artificiais de átomos comuns, ultrafrios, organizados de forma periódica por armadilhas ópticas, essencialmente criando umisolador de Mott.

Embora não haja empecilhos para sua construção, o aparato é um tanto complexo, exigindo condições precisas de laboratório, o que abre poucas possibilidades de uso prático.

A segunda técnica é bem mais promissora, usando meta-átomos de nanofios contendo pontos quânticos.

"Esta estrutura é interessante por várias razões: ela é simples, tem muitas propriedades interessantes (índice negativo, magnetismo efetivo, camuflagem totalmente dielétrica) e pode ser realizada experimentalmente de forma muito fácil," afirmam os pesquisadores.

Esta área das pesquisas é ainda muito recente, o que torna difícil prever suas implicações práticas sobre o campo dos metamateriais.

Contudo, como os fenômenos quânticos da matéria natural permitiram todo o desenvolvimento da eletrônica, é possível ter nos metamateriais quânticos um vislumbre das amplas possibilidades de uso da "matéria artificial" que os cientistas estão criando.


Metamateriais prometem benefícios mais práticos do que invisibilidade


Bibliografia:

Metamaterials Controlled with Light
Ilya V. Shadrivov, Polina V. Kapitanova, Stanislav I. Maslovski, Yuri S. Kivshar
Physical Review Letters
Vol.: 109, 083902
DOI: 10.1103/PhysRevLett.109.083902

Photoinduced handedness switching in terahertz chiral metamolecules
Shuang Zhang, Jiangfeng Zhou, Yong-Shik Park, Junsuk Rho, Ranjan Singh, Sunghyun Nam, Abul K. Azad, Hou-Tong Chen, Xiaobo Yin, Antoinette J. Taylor, Xiang Zhang
Nature Communications
Vol.: 3, 942
DOI: 10.1038/ncomms1908

Optically induced interaction of magnetic moments in hybrid metamaterials.
A. E. Miroshnichenko, B. Lukyanchuk, S. A. Maier, Y. S. Kivshar
ACS Nano
Vol.: 6, 837-842
DOI: 10.1021/nn204348j

Quantum metamaterials: a brave new world
Mauro Antezza, Didier Felbacq
SPIE
DOI: 10.1117/2.1201206.004296



em : http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=meta-atomos-homem-criador-metamateria&id=010160120903

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Luva refrigerada para atletas supera esteroides

Amigo urso


Uma luva capaz de resfriar rapidamente a palma das mãos dos atletas pode ser uma opção bem mais eficaz e menos arriscada do que o uso de esteroides anabolizantes.

A descoberta inusitada veio quando Dennis Grahn e Craig Heller, da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, estudavam ursos.

Os ursos são animais com um isolamento térmico muito bom, um pesado casaco de peles e uma espessa camada de gordura subcutânea, que os ajuda a manter a temperatura do corpo quando eles hibernam durante o inverno.

Mas, quando chega a primavera e as temperaturas sobem, estes ursos enfrentam um risco muito maior de superaquecimento do que de hipotermia.

Então, como eles fazem para se livrar do calor se sua camada de isolamento não se altera?

Radiadores naturais


A resposta é que, assim como quase todos os mamíferos, os ursos possuem radiadores naturais: áreas do corpo não cobertas por pêlos e ricamente irrigadas por veias muito próximas à superfície da pele, que os permite jogar seu calor interno excessivo para o ambiente.

Os coelhos têm esses radiadores naturais nas orelhas, os ratos os têm no rabo e os cachorros na língua. Os ursos eliminam o calor pela almofada das patas.

Como se pode deduzir, os humanos temos radiadores naturais nas palmas das mãos. Esses são os mais eficientes, porque temos trocadores de calor também na face e nos pés.

Embora normalmente não tenhamos problemas de superaquecimento, um atleta que chega ao limite de seus esforços físicos durante um treinamento ou uma prova se vê às voltas com uma situação muito parecida com a de um urso no verão.

Grahn e Heller então se deram conta que poderiam ajudar os atletas criando uma forma de acelerar essa troca de calor.

O que eles não esperavam era que o resultado fosse tão bom.

"Nós realmente tropeçamos nisso por acidente," confessa Grahn. "Tudo o que queríamos era um modelo para estudar a dissipação de calor."

Extração do cansaço


Quando a técnica de retirar o calor do corpo pela mão foi aplicada a um atleta da própria equipe de pesquisadores, o relato foi de que a fadiga pelos exercícios da academia praticamente desaparecia instantaneamente com o uso da luva-geladeira.

Testes mais criteriosos feitos a seguir mostraram que, após o uso do aparelho, o atleta consegue fazer tantas repetições do exercício quantas ele fez na primeira execução, quando estava totalmente descansado.

Mas isso não era tudo: os cientistas começaram a resfriar o atleta depois de cada série de exercícios.

"Então, em seis semanas, ele passou de 180 levantamentos [de peso] para 620," conta Heller. "É uma taxa de melhoria no desempenho físico sem precedentes."

Os pesquisadores então aplicaram o método de resfriamento a outros tipos de exercícios, incluindo supino, corrida e ciclismo.

Em todos os casos, as taxas de melhoria no rendimento foram dramáticas - melhor do que esteroides, dizem os pesquisadores.

Atletas e emergências médicas


A versão mais recente do invento consiste de uma luva plástica rígida ligada a um refrigerador portátil.

A luva cria uma ligeira sucção na mão, fazendo com que as veias da palma da mão - chamadas anastomoses arteriovenosas - se expandam, puxando mais sangue para o resfriamento.

Os pesquisadores já estão contando com a ajuda de colegas especializados em design para dar um banho de loja no aparelho, com vistas à sua comercialização.

Além dos atletas, eles afirmam que as aplicações médicas terão muito a ganhar com a luva resfriadora, sobretudo em emergências médicas, como a hipertermia ou o estresse termal.
Bibliografia:

Enhancing Thermal Exchange in Humans and Practical Applications
H. Craig Heller, Dennis A. Grahn. Disruptive Science and Technology. Vol.: 1(1): 11-19. DOI: 10.1089/dst.2012.0004
em: www.inovacaotecnologica.com.br